segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Reconhecimento dos Pares, Afetividade & Inteligência Coletiva


  1. O reconhecimento dos pares consiste numa experiência que reconforta e revigora. Pode massagear o ego, mas essa - decididamente - não é a mais nobre das sensações que pode despertar. Os elogios espontâneos e desinteressados, como os feitos aqui, ao meu trabalho, pelo amigo gaúcho, desde os tempos da Sorbone (1990-1995), Juremir Machado, fazem bem à auto-estima e nos instigam à coragem de criar. Entretando, a dimensão mais valiosa do reconhecimento público é o seu poder de nos fazer manter acesa a tocha de fogo iluminando a parte escura da nossa caverna. É uma experiência que emana bons presságios e por isso mesmo, deve ser compartilhada numa rede social, que, simultaneamente, catalisa os afetos e as informações, irradiando vigorosas modalidades de Empoderamento social e Inteligência Coletiva.

Prefácio ao livro Sob o Signo de Hermes: Mediações no Ciberespaço.

Cláudio Paiva é um intelectual. Um verdadeiro intelectual. Não são muitos em atividade. Tem a libido do saber. Pensa com o corpo inteiro. Sente aquilo que investiga. Consegue mesclar o erudito e o popular com uma desenvoltura invejável. Domina o universo do cinema como poucos. Vai de um ponto a outro do imaginário contemporâneo com leveza e conhecimento. Esta sua incursão no mundo virtual não poderia ser diferente. Traz a marca de quem reflete sem preconceitos e sem amarras. Examina, avalia, interpreta e compreende. Acessa um número incrível de fontes e nunca se limita a navegações de cabotagem.

Aposta na renovação. Cláudio Paiva não quer apenas repetir as rotas tradicionais. Tem a ousadia dos aventureiros. Está longe de se deixar dominar pela camisa-de-força dos discursos acadêmicos positivistas. Produzir conhecimento para ele é gerar novidade, abrir novos caminhos, sair dos trilhos e indicar novas pistas. Parece fácil. Não é. Poucos têm essa predisposição para o confronto. Poucos sentem o aroma da inovação. Pesquisar é muito mais do que levantar dados. Exige uma curiosidade profunda e uma determinação especial. A determinação para abalar fundamentos, descobrir, “desencobrir”, fazer emergir o novo, revelar, desvelar e até mesmo “desconstruir”.

Todas essas qualidades caracterizam o perfil do pesquisador Cláudio Paiva. Conheço-o desde o tempo em que fazíamos doutorado em Paris e ele via todos os filmes em cartaz na cidade. Eu o admirava silenciosamente. Gostava de ver a sua autonomia, a sua liberdade de pensamento, a sua errância pela cidade-luz. Aprendi a conhecer um intelectual, homem livre, com suas ideias e paixões. Não preciso dizer mais. Este livro mostra o quanto todas essas minhas observações são limitadas para descrever ou qualificar o que Cláudio Paiva representa como pensador do contemporânea. Sem perda de tempo, comecem a ler. É tudo.

JUREMIR MACHADO DA SILVA: Coordenador do Programa do Pós-graduaçao em Comunicação da PUCRS. Porto Alegre, 13 de setembro de 2010.

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