segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Ética e os buracos negros

A inspiração hoje vem da Física pós-Einstein, a teoria do caos, os buracos negros, o vazio e o entendimento do mundo por outra perspectiva, para além das religiões e das ciências herméticas tradicionais. O grande desafio no terceiro milênio é entender as tribos humanas e a ética no contexto de um mundo em desequilíbrio: Koyaanisqatsi (para quem entende): Jean Baudrillard diria que o mundo não vai se acabar: de alguma forma aquele mundinho que conhecíamos desde a escola e a igreja, já se acabou. Num tempo de terremotos, tsunamis, desequilíbrio ecológico, violência extrema, narcotráfico global, o desafio que se coloca é situar os humanos, os grupos sociais numa época em que tudo aparentemente acontece muito depressa e tudo isso mexe muito com os nossos afetos, nossos medos e a nossa dificuldade de amar ao próximo como se não houvesse amanhã. Os ecos do dramaturgo irlandês Samuel Beckett emanam de longe atualizando a grande questão do Ser diante do Nada: a imagem forte é aquela dos dois vagabundos solitários buscando um sentido para a vida, numa terra devastada: Esperando Godot. Cade Godô? Cada Deus? Cade o amor da humanidade, numa época aterrorizada pelos Nardoni, Bin Laden, Bush, e outras coisas sinistras. Nem simples, nem tão complexo. O segredo de polichinelo é reinventar a vida para além da maldição dos Big Brothers, do Jornal Nacional, da Record e dos nefastos pastores eletrônicos. ECA! Existe incomunicabilidade, como revelam as tramas do Teatro do Absurdo, dentro e fora do vídeo, mas existe também – como me ensinaram as deusas Simone Maldonado e Fátima Chianca – a Comunicação da Chama Sagrada, para além de Indiana Jones e os Templos da Maldição. Ética, ethos, Mínima Moralia, respeito, carinho, misericordia e afetividade, sem querer nada em troca. Eis ae a chave, abrindo as portas para o entendimento do amor, o desamor e outras calamidades, numa época tão assustadoramente estranha. Está no cinema, este farol resplandescente, desde Chaplin, Fellini, Pedro Almodovar etc. Abril me parece um mês encantado desde o seu sentido semântico até as ressonâncias da primavera nos países gelados. Luzes, cores e novos sonhos de felicidade, tudo tão bem delineado nos quadros fantásticos de Flávio Tavares e Alberto Lacet, assim como as escrituras sensíveis do jovem poeta Archidi Picado.